Fig. 01
O FESTIVAL
DA COLHEITA DO MILHO NO BRASIL E A INTERETNICIDADE
Por Hùnnó Serafim
As celebrações de colheitas são muito antigas
e perduram em muitas culturas. Expressas de forma religiosa ou folclórica, o
fato é que as manifestações culturais percebidas por meio de canto, danças,
músicas, pinturas, indumentária, encenações, dentre outras, têm suas
finalidades, dentre as quais: 1) a externação da alegria proveniente da
obtenção dos frutos, após longo tempo de árduo trabalho (sentimento de
gratidão) e 2) a comemoração de momentos semelhantes a esses de outras edições
pretéritas e a saudade causada pela ausência de entes queridos pela distância
ou falecidos.
É comum a rememoração da pobreza presente nas representações de roupas remendadas. Além do enaltecimento da simplicidade e retorno a um momento histórico transposto nos utensílios de cerâmicas (pote de água), madeira (colheres de pau), palhas (como abanos e peneiras), roupas de chita (estampas florais ou xadrez), alpercatas de couro, chapéus de palha, tranças, vestidos com babados, sardas e casa de taipa.
Assim é o Festival do Milho no Brasil, sobretudo, na Região Nordeste. no qual foram preservadas distintas formas culturais que sugerem ser uma única expressão de origem genuína nacional. Porquanto, ser preciso que a diversão seja compreendida como uma representação de momentos históricos afins. Aleiar-se aos sentidos dessa rica manifestação, é correr o risco de acrescenta-lhe elementos que desvirtuariam a narrativa históricada noss identidade ao mergulhar na ignorância fatos que foram acumulados por circunstâncias históricas interligadas a tais processos. Então,
1) As Quadrilhas[1] (do francês, quadrille, dança de quatro casais) representam uma grande festa matrimonial, com imperativos franceses anarriê ( en arrière - para trás)[2], Changê (changer/changez – trocar/troquem o par)[3], alavantu ('en avant tous', para frente, prenuncia a coreografia e ordena os casais tomarem posição à frente, se aproximando uns dos outros para se cumprimentarem)[4], Cumprimento ‘vis-à-vis’ (cumprimento frente a frente)[5], Otrefoá (autre fois – repetir o passo anterior)[6] Balancê (balancer – balançar o corpo, marcando o passo, não saindo do lugar)[7]. É utilizado em forma de grito de incentivo “e é repetido quase todas as vezes que termina um passo. Quando um comando é dado só para os cavalheiros, as damas permanecem no Balancê. E vice-versa”)[8], Returnê (returner – retornar aos seus lugares)[9]. Tur (tour – Dar uma volta: o cavalheiro abraça com a mão direita a cintura da dama. Ela põe o braço esquerdo no ombro dele e fazem um giro completo à direita)[10].
2) Os Arraiás, uma variante do termo arraial, cujo significado é "de origem medieval proveniente da conjugação do árabe al com o qualificativo raial que evoluiu para real, ou seja, próprio do rei. Originalmente, era empregado para qualificar as áreas ocupadas transitoriamente pelas tropas do monarca e, como tal, eram consideradas propriedade real temporária. No período colonial, esse termo foi ressuscitado com o significado de terreno apossado em nome do rei, pelos reinóis, como os colonizadores gostavam de ser tratados" [11].
3) As fogueiras
são indícios dos mais remotos tempos e modo simbólico de celebração, pois, ao
seu redor clãs se reuniam “para agradecer pela
fertilização da terra e pelas fartas colheitas”[12] se aquecer, contar
história, cantar, dançar, se alimentar. Pois, o fogo tem uma forte representação
para comunidades tradicionais, por causa de sua importância para vida e do
aprendizado de sua obtenção. Este princípio ainda existe nos candomblés e posto
pelo catolicismo como uma forma encontrada por Santa Isabel de avisar a sua
prima, a mãe de Jesus, que ela dara à luz a São João, o Batista.
4) Os
balões foram adicionado mais recentemente, se comparados em relação à
fogueira por exemplo, significando o início da festa (atualmente são proibidos
por lei os que usam fogo como motor).
5) As
bandeiras servem de demarcação do espaço e do tempo festivo. Cumprem a
finalidade decorativa significando que a determinado momento ali ocorrerá uma
comemoração. Suas cores e formatos também comunicam pensamentos sendo
compreendidos naquela circunstância.
6) Os
Fogos de artifícios anunciam aos
distantes por meio do som (num período mais antigo, quando inexistia o recurso luminoso
deles) e da luz (mais recente) a festa. Ainda, revelam a alegria expressando
gratidão, beleza e o domínio de sua obtenção pelos seres humanos.
7) A
culinária apresenta a criatividade das várias possibilidades de se nutrir
do milho desentediando o paladar através da oferta de vários sabores: cuscuz,
canjica, pamonha, curau, polenta, milho assado, munguzá (nas versões, doce e
salgado), pamonha assada, bolo de milho, farinha de milho, sorvete, pipoca,
milho cozido, xerém, e tantas outras gostosuras nessa descrição, não
contempladas.
A parte religiosa se alterna entre os
elementos católicos e afrodescendentes. Naqueles por meio das novenas e dia dos
santos: Santo Antônio (13 de junho), São João (24 de junho), São Pedro e São
Paulo (29 de junho) e Santa Ana (último sábado de julho). Os afrodescendentes sincretizaram
suas comemorações vinculadas a algumas dessas datas. Assim, os Terreiros
celebram a fogueira de Xangô (para
os descendentes yorubás), Zázi (para
os descendentes bantus) e Sobô (para
os descendentes dos povos ajá, ewe e fon) com sua família (sua rainha Oyá e filhos: Loko, Badé e Avekête) além do seu clã.
As simpatias também têm seu lugar garantido.
Para os religiosos, em largo sentido, são ritos que permitem previsões de
participarem do festival do ano seguinte, de descobrir se casará, de começar um
namoro e de assegurar a pessoa amada.
Frise-se também a existência da Rainha do Milho. Esta é um exemplo de mito,
pois um ser feminino, representação da energia responsável pela fertilidade de
todos os seres (sementes, terra, água e luz solar dentre outros) e fenômenos (chuva
lavragem da terra, por exemplo) que concorreram para produção da colheita,
explica e coroa o motivo da festa.
A partir do exposto, pode-se concluir que, no
atinente ao nome da celebração, não é correto dizer festas juninas, primeiro
porque se trata do festival da colheita do milho, depois porque ultrapassa o
mês de junho. Nem é variante linguística do termo joanina para junina relativa
a São João, pois, se trata de uma festa não católica, inclusive são comemorados
outros santos pela própria igreja nesse mesmo período, além de ter as liturgias
dos povos de terreiros concomitantes, conforme mencionado.
[1] https://francesobjetivo.com.br/quadrilha-tradicao-da-cultura-francesa/
[2] Ibdm.
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[4] https://brainly.com.br/tarefa/28387729
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[11] http://lhs.unb.br/atlas/Arraial
[12] https://mundoeducacao.uol.com.br/festa-junina/simbolos-juninos.htm
Fig. 01 24 de abril, Dia Internacional do Milho - Ourofino Agrociência

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ResponderExcluirHow does 넷마블바카라시세 casino 케이 뱃 roll? 유니 벳 - 텍사스 홀덤 룰 Casino 딥 슬롯 Roll